Âmbito e conteúdo/Resumo
Fotografia, em preto e branco, em tons amarelados e manchas de desgaste e envelhecimento do tempo, colada em papel. Em primeiro plano, da esquerda para a direita, vê-se o ator Clóvis Matias, ao microfone, como padre, com vestes litúrgicas compostas por uma batida de cor branca e uma estola (espécie de faixa de pano, com desenhos florais) em seu pescoço, óculos de grau de astes grossas e de cor preta, e segurando um livro nas mãos. Ao seu lado, o ator Wilson Aguiar, como o noivo, vestindo terno com listras verticais e gravata borboleta. Ao seu lado, a noiva (não-identificada) veste branco, véu rendado na cabeça e segura flores. Em segundo plano, aparecem os convidados do casamento, também não-identificados. Trata-se de uma cena cômica de casamento matuto, realizado nos anos 1950 em programa de humor para o rádio, feito em auditório, possivelmente na Ceará Rádio Clube. Nessa época, mesmo em emissões radiofônicas, fazia-se a cena para além da voz, pois havia plateia no auditório. No canto inferior da foto, impresso em tipografia preta as inscrições “Cena de um casamento matuto, com destaque para as figuras dos atores C. Matias e Wilson Aguiar”. Clóvis Pereira Matias (1913-1998) foi ator de teatro, rádio e televisão e diretor oriundo dos folguedos populares e do circo, mestre da comédia de costumes e das burletas, pioneiro dos programas de humor no rádio cearense, que de 1973 a 1989 atuou como porteiro do Theatro José de Alencar. Como palhaço, Clóvis no palco dispensava maquiagens, apliques e adereços, pois mesmo de rosto nu, apenas pela entonação, pela gesticulação e pelo domínio do ritmo de sua narrativa, fazia a platéia rir. Clóvis foi um dos últimos remanescentes de uma estirpe de mambembeiros, emblemático comediante e fonte inesgotável de reinvenção do teatro.